Casa da Imprensa inaugura cowork para jornalistas

A Casa da Imprensa abre no início deste mês um espaço de trabalho partilhado para jornalistas, em instalações anexas à sua sede, no Chiado. As novas instalações destinam-se especialmente a jornalistas desempregados ou precários, explica a Casa da Imprensa, num comunicado colocado esta manhã no site da associação mutualista.

O espaço, baptizado de Noticiaria, destina-se preferencialmente a jornalistas desempregados, com vínculo precário ou sem vínculo laboral, sendo cedido, nestes casos, a título de apoio social.

O espaço, situado no nº 13 da Rua do Loreto, tem cerca de 100 m2 e inclui uma sala de trabalho e sala de reuniões, bem como as “condições técnicas adequadas, principalmente, a trabalho redactorial”. No mesmo local, podem ser requisitados escritórios autónomos, que sirvam de base para o arranque de novos projectos de media. Também aqui, o espaço é cedido a “título de apoio social”.

As salas de cowork abrem em regime experimental na próxima semana e, tal como as salas autónomas para novos projectos, a sua utilização é feita mediante inscrição prévia.

Mais informações podem ser dadas aos interessados, pessoalmente ou por telefone, em contacto com os Serviços Administrativos da Casa da Imprensa, na Sede, em Lisboa.

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Participação nos grupos de trabalho

A engrenagem está a mover-se. Os três grupos de trabalho já se encontraram pela primeira vez e começaram a organizar-se em grupos mais pequenos, com diferentes tarefas. Muito em breve teremos novidades concretas.

Este post serve para voltar a pedir a participação de todos os jornalistas que estejam interessados em fazer parte de algum dos três grupos: diagnóstico da situação do jornalismo; organização do Congresso de Jornalismo; e acções de luta e protesto.

Basta para isso deixar o seu pedido na caixa de comentários com o seu nome, o grupo que quer integrar e o email ou então enviar a mesma informação para o email forumjornalistas@gmail.com

Mais que bem-vindos, todos os contributos são necessários.

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Cinco grupos privados de media lançam plataforma com estratégia comum para o sector

Cofina, Controlinveste, Impresa, Media Capital e Renascença assinaram uma carta de princípios e anunciam em Setembro estratégia e actividades. Pedro Reis (ex-AICEP) será o líder da nova plataforma, noticiou ontem o “Público”.

Quatro meses depois de terem deixado a Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social em confronto com a RTP, cinco dos maiores grupos privados de media lançaram esta terça-feira uma nova plataforma associativa do sector.

Segundo um comunicado da nova plataforma, o seu objectivo é “abordar, de forma coordenada, temas estratégicos para o sector dos media, quer em Portugal quer na Europa”. O sector atravessa uma das piores crises da sua história, com o investimento publicitário a recuar a valores de há mais de uma década, e que tem motivado o encerramento de títulos e redução de trabalhadores, assim como a procura de novos modelos de negócio.

Leia o resto da notícia aqui.

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Adesão à greve é “sinal claro” para que Controlinveste suspenda despedimento

Segundo escreve a Lusa, citando dados do Sindicato dos Jornalistas, na rádio TSF 78% dos repórteres aderiu à paralisação de hoje, 11 de Julho, que alcançou mesmo os 100% em dois turnos do dia.

A adesão à greve alcançou 60% dos jornalistas da redação de Lisboa do JN, enquanto na sede se ficou pelos 34% e ultrapassou os 33% na sede do DN e os 66% na redação do Dinheiro Vivo no Porto. Todos os jornalistas da Notícias Magazine fizeram greve.

Ler o artigo completo aqui.

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Jornalistas da Controlinveste marcam greve para 11 de julho

Os jornalistas do grupo Controlinveste, proprietário de meios como o “DN”, o “JN, a TSF e “O Jogo”, agendaram para a próxima sexta-feira, 11 de julho, uma greve de 24 horas como forma de protesto contra o despedimento coletivo anunciado na empresa.

Segundo revela o Sindicato de Jornalistas, o pré-aviso de greve foi já formalmente enviado à administração da empresa, reiterando a exigência da “suspensão dos processos de despedimento e a discussão de alternativas que preservem os projetos editoriais e os postos de trabalho.

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Grupos de trabalho

Na reunião de quinta-feira passada, dia 26 de Junho de 2014, na Casa da Imprensa, ficou aprovado pelos jornalistas presentes a criação de três grupos de trabalho para iniciar a luta pelo jornalismo defendida no manifesto “Vamos a isso que se faz tarde”, aprovado no mesmo dia. Os três grupos estarão divididos pelos seguintes temas: diagnóstico da situação do jornalismo, organização do Congresso de Jornalismo e acções de luta e protesto. Quem quiser, pode integrar um dos grupos. Basta para isso deixar o seu pedido na caixa de comentários com o seu nome, o grupo que quer integrar e o email, ou então enviar a mesma informação para o email forumjornalistas@gmail.com. As inscrições estão abertas até ao final desta semana.

Descrição de cada grupo:

Diagnóstico da situação do jornalismo – Fazer uma síntese do que está a acontecer ao jornalismo em Portugal em três vertentes. Primeira vertente: desemprego e a precariedade. Determinar quantos jornalistas foram despedidos nos últimos anos, qual o número total de desempregados e quantos estão a trabalhar. Determinar o número de freelancers e em que condições trabalham. Perceber que jornalismo fazem os que ficam nas redacções: número de horas de trabalho, quantidade de peças produzidas. Ao mesmo tempo determinar o número de órgãos de comunicação que existem comparando com o número que existia no passado e fazer um panorama da centralização da propriedade dos meios nacionais. Avaliar ainda o impacto desta erosão a nível regional: esvaziamento das delegações, diminuição dos órgãos de comunicação regionais. Segunda vertente: retrato do jornalismo. Avaliar que tipo de jornalismo é que está a ser feito, se reflecte as necessidades e preocupações da sociedade, se responde a essas necessidades. Se responde às exigências da democracia. Terceira vertente: jornalismo e sociedade. Sensibilização da opinião pública para a degradação das condições de trabalho dos jornalistas e as suas consequências para a liberdade de imprensa e para a qualidade da democracia. Tentar identificar o que é que a sociedade exige do jornalismo, e integrar essa informação com o tipo de jornalismo que está a ser feito e com aquele que a classe idealiza. Faz todo o sentido que este grupo trabalhe em ligação com a academia.

Organização do Congresso de Jornalismo – Fazer o Congresso acontecer o mais urgentemente possível: pressionar o Sindicato dos Jornalistas a avançar com o Congresso. Junto com o sindicato: ajudar a definir datas e espaço físico para o Congresso, quais os temas a serem discutidos, com que objectivo, que pessoas serão convidadas a falar, etc.

Acções de luta e protesto – Explorar a possibilidade de organizar acções de luta públicas como vigílias, manifestações ou greves. Promover acções dentro das redacções como a formação de comissões de trabalhadores e de conselhos de redacção, assim como facilitar a formação dos jornalistas a nível dos seus direitos e deveres. Lançar um blogue com histórias individuais e colectivas de coragem da classe e retratos de profissionais despedidos ou ameaçados de despedimento. Finalmente, promover o trabalho de desempregados e combater a precariedade com a criação de um espaço de trabalho para precários, encontrar formas de ajudar a criar novos projectos de jornalismo baseados em cooperativas, com recurso ao crowdfunding, etc.

Espera-se que a partir de meio de Julho cada grupo inicie o seu trabalho, escolhendo responsáveis e representantes, decidindo quando e onde se reunir e o calendário com que pretende avançar. Em meados de Setembro haverá um segundo encontro onde cada um apresentará os progressos alcançados. As discussões de cada grupo serão reflectidas no blogue forumjornalistas.wordpress.com, onde todos poderão comentar esses trabalhos e fazer sugestões.

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“Vamos a isso que se faz tarde”

Manifesto aprovado na Casa da Imprensa, em Lisboa, na noite de 26 de Junho:

“Vamos a isso que se faz tarde”

40 anos depois do 25 de abril, a liberdade de imprensa sofre um dos momentos mais negros da sua história. Sabemos que as questões que afectam o jornalismo não lhe são exclusivas: esvaziamento das redacções, precariedade, concentração da propriedade. Mas o jornalismo tem responsabilidades específicas e, nesta altura, está em risco. Em causa está o próprio paradigma do direito e do dever de informar como sustentáculos fundamentais de uma sociedade moderna, livre e democrática.


A intenção anunciada de um brutal despedimento colectivo na Controlinveste constitui mais um golpe no panorama informativo e serve hoje de pretexto para nos encontrarmos sem nos esquecermos que este é um processo com décadas. Editorias devastadas, partes significativas do território sem cobertura. É demais para quem parte e é demais para quem fica. 


Como garantir qualidade informativa sem meios? A falta de tempo, a superficialidade, as redacções amorfas, a precarização não são problemas novos. Temos grande responsabilidade pelo estado a que chegámos. Essa responsabilidade é colectiva mas começa por ser individual. Temos de ser exigentes com cada um de nós, com o colega do lado, com a chefia intermédia, a direcção e a administração. Mas só temos força e poder para exigir dos outros se nos organizarmos, se percebermos que somos classe. Da classe que somos fazem parte os que têm (ainda ou desde há pouco) redacções, os que são precários há 20 anos, os que estão a chegar à reforma, os que saíram pelo seu pé, os que não chegarão nunca a ter uma redacção, os que sonham com uma e a merecem. Juntos, somos e podemos. Cada um por si fica talvez muito pouco: a ilusão de um poder que já nem temos e que perderemos a oportunidade de recuperar se não agirmos já, com inteligência e exigência. 


Noutros países, há órgãos colegiais ouvidos pelos partidos, pela tutela, pelos patrões, pelo público. Há fundos de greve usados para fazer greve, quando ela é a última possibilidade para salvar empregos, condições de trabalho, independência, liberdade, democracia. Sim, para tudo isso podemos contribuir, e tudo isso podemos ajudar a destruir. A indignação não pode desaparecer com a espuma dos dias. É obrigatório não prescindir de eleger os órgãos representativos em cada órgão de comunicação social (CR, CT e delegados sindicais) e importa pensar se não será útil formar um colégio que junte representantes de cada um para tornar mais eficazes acções de luta e projectos jornalísticos.


Por fim, mas não por último, é urgente pensar em soluções conjuntas para garantir que as centenas de jornalistas que nos últimos anos perderam os seus empregos possam, se essa for a sua vontade, voltar a trabalhar. Aceitar a inexorabilidade de decisões alheias sobre as nossas vidas e a nossa profissão é aceitar a nossa impotência e, em última instância, a morte do chamado 4º poder. Chegou a hora de acordarmos. Parafraseando o já tão saudoso Manuel António Pina: não é ainda o fim do mundo, mas já se faz tarde.


Ana Luísa Rodrigues
Myriam Zaluar
Sofia Lorena
Cláudia Henriques
Sofia Branco
Ricardo Alexandre
Nicolau Ferreira
Nuno Aguiar
Camilo Azevedo
António Granado
Fátima Mariano
Paulo Pena
Carla Baptista
Pedro Rainho
Tiago Contreiras
Paula Sofia Luz
Frederico Duarte Carvalho
Sara Figueiredo Costa
Augusto Freitas de Sousa
Guilhermina Sousa
Mariana Mata
Miguel Marujo
Alexandre Martins
Nicolau Ferreira
Luís Gouveia Monteiro
Maria João Guimarães
Cláudia Marques Santos
Ricardo J. Rodrigues
José Manuel Rosendo
Isabel Pereira Santos
José António Cerejo
Paulo Martins
Sandra Bernardo
Viriato Teles
Sandra Monteiro
Eugénio Alves
Sofia Quintas
António Loja Neves
Luís Reis Ribeiro
Catarina Almeida Pereira
Sofia Cristino
José David Lopes
Raquel Ribeiro
Carlos Lopes
Abel Coentrão
Nuno Ferreira
Isabel Gorjão Santos
Carlos Branco
Migue Manso
Dulce Furtado
Bruno Rascão
Sandra Oliveira
Ricardo Bordalo
Manuela Barreto
João Dias
Leonor Figueiredo
Maria João Guardão
Luís Filipe Sebastião
Pedro Jerónimo
António Passos Leite
Margarida Neves de Sousa
Maria Augusta Casaca
Alda Rocha
Alfredo Mendes
Clara Barata
Isabel Lucas
Rui Peres Jorge
António Costa Santos
Isabel Moreira
Tânia Sousa Marques
Áurea Sampaio
António José Vilela
Inês Rodrigues
João Vasco
Rita Travassos
Sofia da Palma Rodrigues
Patrícia Alves
Patricia Fonseca
Carlos Júlio
Liliana Valente
Rodrigo Cabrita
Cátia Bruno
Neuza Padrão
Inês Forjaz
Maria João Rocha
Miguel Roque Dias
Tiago Cardoso Pinto
Patrícia Fonseca
Luís J. Santos
Enrique Pinto Coelho
Rita Ferreira
Luís Silva
Filipe Paiva Cardoso
Emília Freire
Paulo Nobre
Helena Geraldes
Ricardo Dias Felner
Sara Rodrigues
Catia Simoes
Pedro Dias de Almeida
João de Sousa
João Naia
Julia Fernandes
Rita Ramos
João Rosário
João d’Espiney
David Clifford

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Na invasão do Iraque as redacções tinham mais jornalistas

Há dez anos e uns dias começava a invasão do Iraque. Nos meses anteriores, fomos bombardeados e bombardeamos com notícias sobre o arsenal de destruição maciça que Saddam Hussein não tinha. Nos meses seguintes, fomos muito menos bombardeados com a inexistência dessas armas do que se poderia supor.

Dez anos depois, Judith Miller, a jornalista que publicou no New York Times uma série de artigos exagerados sobre as armas, colabora com a Fox News. Dez anos depois, quem é que ainda se lembra de Ahmed Chalabi? E quem é que conhece Jonathan Landay, um dos jornalistas do Knight-Ridder que questionou as provas da existência de armas no pré-invasão? As redes sociais poderiam ter ajudado a chamar atenção para o seu trabalho, diz hoje Landay. Dez anos depois, as redacções têm muito menos gente e os departamentos de relações públicas dos gabinetes do poder têm cada vez mais, escreve David Rohde no Rendezvous .

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Cinco leads para o mesmo Papa

Um Papa, cinco leads, foi o exercício que Mike Feinsilber publicou no blogue do ex-editor da revista The Washingtonian, um espaço de análise ao trabalho dos jornalistas e dos editores, um dia depois da eleição do Papa argentino, há uma semana.

Os exemplos são todos norte-americanos (Los Angeles Times, Wall Street Journal, Washington Post, Chicago Tribune e New York Times) e todos das edições em papel destes diários; podiam ser espanhóis ou italianos. Havia um batalhão de jornalistas em São Pedro e cada um deles sabia “que os seus leitores já sabiam as notícias”. “Deveria escrever um lead que confirmasse isso mesmo ou um lead para a história, cravado em pedra?”

 

Este foi o eleito pelo autor do post (tem 43 palavras e nenhuma vírgula):

Jorge Mario Bergoglio of Argentina became the first pope from the Americas and the first from outside Europe in more than a millennium in an election that recognized a shift in the Roman Catholic Church’s center of gravity while maintaining its conservative theology.

 

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Títulos adaptativos na RTP sobre Passos Coelho e o salário mínimo

Quem trabalha sob a pressão da escrita “online” sabe bem da tentação de escrever depressa demais com riscos para a clareza, da tentação de escrever primeiro e confirmar depois, da tentação de alterar erros sem anunciar ou explicar aos leitores e, pior para todos, de suavizar ideias após a publicação quando confrontado com a argumentação dos visados relativa ao que disseram e ao que queriam dizer.

Neste sentido, a escrita em papel é talvez possa ser mais fácil de gerir: o que está  publicado está publicado e qualquer alteração chega no dia a seguir com a devida justificação. No online, a regra é, naturalmente, a mesma: qualquer alteração deve ser explicada ao leitor. Mas a tentação é grande…

O site da RTP deu-nos um bom exemplo disso esta semana na polémica sobre as declarações de Passos Coelho sobre o salário mínimo: três títulos em apenas uma hora, sem qualquer justificação.

O primeiro-ministro foi ao Parlamento opor-se a qualquer subida do salário mínimo. Num primeiro momento do debate quinzenal afirmou:

Quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta. Foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa

(…)

Mas a Irlanda tinha um nível de salário mínimo substancialmente superior ao nosso. Foi por isso que o anterior Governo não incluiu essa cláusula [e este governo também não]

Mais tarde no debate já com a polémica a disparar no Parlamento e nas redes sociais, Passos Coelho afirma:

Não deixaremos em sede de concertação social de discutir o aumento do salário mínimo nacional levado pelos aumentos de produtividade, numa altura em que o país esteja em condições de estar a ultrapassar, a dobrar o nível de actividade, que nesta altura ainda é recessivo e que nós queremos inverter para recuperação (…) talvez nessa altura

Eis os títulos da RTP na sua edição online… às 18:47

passos1

Às 19:36:

passos2

E finalmente, às 19:48:

passos3

Este artigo, que é ainda o que encontrará disponível na página da RTP, não explica o que justificou as sucessivas alterações de título (que também não terá dificuldade em encontrar replicadas em blogues). O que aconteceu nesta hora só a RTP saberá, mas os leitores mereciam uma explicação.

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